SARS-COV-2-União Europeia, desafios e novos paradigmas

Fonte da foto: arquivo pessoal

Por Hugo de Almeida

As Universidades são, na sua génese, espaços públicos de interacção social agudos. Centenas de seres humanos flutuam em cadeias de contacto aumentando a probalidade de contágio de Sars-Cov-2. Resultado dessa percepção, o aumento da incerteza futura sobre a segurança individual e colectiva dos grupos, baseado na incerteza desta pandemia, sobre quais as evidências do novo coronavírus, como é que ele se espalha, quem é sugestível de adoecer, o risco dos assintomáticos, que leis e decretos serão tomados, e quais as decisões coerentes a tomar baseado nas melhores informações disponíveis, tornou-se numa preocupação e num desfio para as gestões universitárias, ao nível mundial.

No caso especifico das Universidades da União Europeia, assistiu-se a uma forma proactiva e decidida para conter surtos potenciados pela presença física e pela interacção humana. Numa fase inicial foram suspensas todas as actividades académicas, o que levantou um conjunto de questões relevantes para um modus operandi que na generalidade tinha como tradição um ensino enraizado na forma presencial. Neste tempo de interrupção, que teve em média o espaço compreendido de apenas uma semana, as gestões académicas, o governo da União Europeia e dos estados membros, o corpo de docente e corpo administrativo das instituições de ensino superior, criaram uma estrutura unificada que permitiu a transição completa para um ensino não presencial, tentando assim mitigar o impacto negativo do evento pandémico. Esta matriz, permitiu a criação de eventos massivos de interacção de docentes para a resolução de problemas relacionados com os novos desafios em era de pandemia, criação de novas plataformas colaborativas de ensino, execução e criação de novos projectos baseados no Sars-Cov-2, transformação dos laboratórios em locais de rastreamento do vírus, entre outros tantos.

Percebemos então que o Sars-Cov-2, levantou questões muito mais profundas sobre o funcionamento das instituições de ensino superior e que levantarão desafios limite às gestões universitárias. Assim poderemos assumir um conjunto de hipóteses que terão de ser testadas, exaustivamente, no conceito de universidade do futuro para responder com efectividade aos desafios em que a humanidade se depara. Entre estas hipóteses encontramos questões relevantes relacionadas com a dimensão ou inexistências de infraestruturas físicas, (onde as universidades passaram na integra ou parcialmente a existir em componentes virtuais), a plasticidade, métodos e formas de ensino distintos dos atuais (com a transformação ou extinção gradual dos atuais programas curriculares, graduação, mestrado e doutoramento, que terão de se revestir de uma adaptabilidade enorme para se ajustarem constantemente às necessidades da humanidade).

Não podemos afirmar que o Sars-Cov-2, mudou o paradigma do ensino e das sociedades permanentemente, porque evoluir, estagnar e regredir, são componentes integrantes do comportamento humano, mas poderemos afirmar que o Sars-Cov-2, é uma oportunidade única para se testar um conjunto de modelos de evolução em contexto, social, tecnológico e científico.

*Hugo de Almeida: (PhD) Universidade de Aveiro-União Europeia

Este artigo é de responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a visão do INPEAU